Psiquiatra Mariana Pedrini Uebel falou sobre a exaustão extrema causada pelo estresse na advocacia

O estresse, as cobranças do dia a dia e o avanço das redes sociais colocam os(as) advogados(as) num estado de extrema sobrecarga de trabalho. O tema foi abordado pela psiquiatra Mariana Pedrini Uebel, convidada da CAARS para apresentar o painel “Saúde Mental: Burnout”, na manhã da última sexta-feira (7), na OAB Cubo. O encontro foi mediado pelo médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e doutor em Medicina pela UFRGS, Eduardo Trindade.

“Buscamos profissionais que efetivamente entendem de saúde e prevenção. Para isso, trouxemos dois renomados médicos gaúchos para compartilhar sobre esse tema tão atual na nossa comunidade jurídica”, discursou o presidente da CAARS, Pedro Alfonsin, na abertura do evento.

De acordo com o presidente, a ideia do encontro era de construir um diálogo maior sobre o tema da saúde mental na advocacia e que os presentes conseguissem levar aos seus colegas o assunto de maneira embasada. “Muitos advogados(as) ou abandonam a carreira ou têm problemas crônicos de saúde mental. Nossa área é possivelmente uma das que possui o mais alto grau de problemas relacionados a essa temática”, completou Alfonsin, ressaltando a importância do assunto.

Na abordagem do painel, a psiquiatra Mariana Pedrini Uebel afimou que “o burnout é uma das situações mais frequentes hoje em dia, não só nos consultórios de saúde mental, mas na saúde em geral”.

A doutora apresentou dados da pandemia, que trouxe altas demandas na área. Problemas como o aumento da pobreza e da violência doméstica, as perdas relacionadas ao covid-19 e o término de relacionamentos foram os principais responsáveis pelo aumento da procura de autocuidado no pós-pandemia.

O mediador do encontro, Eduardo Trindade, trouxe indicativos para deixar a comunidade da advocacia em alerta. “Infelizmente, durante a pandemia aumentou a incidência de suicídio entre profissionais liberais”, contou. Segundo ele, a abordagem do tema é muito importante para que haja prevenção. “Falar sobre o assunto com quem está com tendência ao suicídio é necessário para que se consiga evitar o pior”, completou o médico, que também é ex-presidente do CREMERS.

O que a advocacia achou do Painel?

A delegada da OAB Erechim, Caroline Ceni, achou o conteúdo de extrema relevância no contexto da classe. “Nossa vida é totalmente conectada atualmente. Isso dificulta em colocar na balança e dosar todas as atividades do dia a dia dos advogados”, explicou a advogada.

Para a representante da subseção de Veranópolis, Carla Esperança, o imediatismo do on-line, que ela intitulou como “on-life” - uma mistura entre o digital e o real -, é o que mais gera estresse e ansiedade. “Misturamos o tempo todo o trabalho on-line e off-line. O horário que mais toca nossos telefones é ao meio-dia e após as 18h, o que torna ainda mais difícil de lidar”, desabafou a delegada.

Sub-delegado da OAB Marau, Rafael Landin conta que muitas vezes a classe não percebe as cobranças fora de horário e as novas tecnologias tornaram este ambiente ainda mais invasivo. “Para cada novo passo no processo, os clientes já nos contatam em busca de novas informações. É preciso destacar o trabalho da OAB/RS e a CAARS na preocupação com a saúde mental da advocacia”, explanou Landin.

Texto: Cassiano Cardoso | MTb 20791